Você já parou para conversar com essa galerinha da nova geração? Te aconselho a viver uma experiência como essa. Você irá se surpreender com tantos dilemas que essas crianças e adolescentes, desde muito novos, precisam aprender a lidar.
Bullying, violências, sexualidade, alta performance, comparação, competitividade, etc. Ainda existe, em muitos casos, distância das suas famílias, sentimento de solidão, muitas dúvidas, incertezas e ausência de espaços em que se sintam seguros para deixar emergir tudo isso.
Eu sou mãe de três crianças maravilhosas e constantemente tenho que lidar com tristezas que envolvem bullying, violência escolar, pautas confusas a respeito da sexualidade. Fico grata a Deus por ter conseguido tornar nossa casa um ambiente acolhedor para eles trazerem suas dúvidas, dores, pensamentos e convidá-los a, junto comigo, olhar as respostas que Deus dá para tudo isso.
Nem todas as famílias conseguem proporcionar esse espaço. Não quero partir para um lugar de julgamento, mas refletir: Como a Igreja pode ser parte da construção de ambientes afetivos e acolhedores para que nossas crianças, adolescentes e jovens possam trazer suas tristezas e dilemas? Como podemos, ao acolhermos a nova geração, ensiná-los a olhar para Cristo e nEle encontrar as respostas para as angústias do coração? Como a Igreja pode estar conectada com profissionais sérios na psicologia e psiquiatria para que, uma vez cuidando da demanda espiritual, acionar quem cuide das demandas psíquicas?
Em sua Pesquisa Global de Cultura Juvenil de 2020, cobrindo 20 países e 9.000 adolescentes, a OneHope fez esta descoberta: 53% dos adolescentes lidam com ansiedade; 45% têm diagnóstico de depressão; 25% afirmaram ter pensamentos suicidas. Esses dados foram divulgados pelo Programa “Alcance a Vida” da Sociedade Bíblica Internacional – parceiros da Juventude Batista Brasileira.
Sim, existe tristeza na infância. Quando o pecado entrou no mundo, tudo foi distorcido e as crianças e adolescentes sofrem as consequências disso. Muitas crianças e adolescentes no Brasil e no mundo têm algum transtorno psiquiátrico ou problemas de saúde mental. Precisamos olhar para isso e nos preparar espiritual e, também, tecnicamente para tudo que tem afligido as novas gerações.
Olhem para este dado: “no Brasil, segundo o relatório Situação Mundial da Infância 2021, estima-se que quase um em cada seis meninas e meninos entre 10 e 19 anos de idade no Brasil viva com algum transtorno mental, parcela mais exposta ao risco de automutilações, depressão e suicídio” (Unicef, 2022).
Viver num mundo que ignora a existência deste sofrimento não fará com que de fato ele desapareça. Mas nós, como Igreja, devemos nos envolver com isso e abrir espaços seguros de diálogos com famílias, crianças e adolescentes, buscando em Cristo a solução para suas dores, e também construindo redes de apoio onde a ajuda psíquica consiga chegar.
A Bíblia vai nos dizer, em Provérbios 4:23, “Acima de tudo, guarde o seu coração, pois dele depende toda a sua vida”. Guardar o coração de uma criança e adolescente não é simples, não envolve colocarmos numa bolha, ou ignorar a existência e a fonte de seus sentimentos e emoções. Guardá-los é nos prepararmos para revelar Cristo a seus corações, não ignorando os pecados existentes ali, pois o pecado é a fonte de todas as nossas dores.
Foi com a queda que o sofrimento entrou no mundo, mas uma vez reconhecendo o pecado, pastoreamos esses corações ligando-os ao Evangelho. E identificando as demandas da mente, conectamos essa galera com a ajuda técnica necessária — pois Deus também se manifesta ao dar competências ao homem para produzir ciências que podem trazer alívio e cuidado para uma mente que carece.
Apesar de existir sofrimento na infância, também existe nova vida em Cristo! Precisamos apenas dar um passo em direção a essas novas gerações, com os nossos corações dispostos a amá-los, acolhê-los e conectá-los com a verdade que liberta.
educadora Parental, missionária da
Junta de Missões Mundiais e integrante
da Coordenadoria do Vem Pra Vida da
Juventude Batista Brasileira